domingo, 13 de fevereiro de 2011

Família de homem serrado vivo quer indenização do Estado

Família de homem serrado vivo quer indenização do Estado
Escrito por Tião Maia (Especial para o Página 20)
13-Fev-2011
Emanuela Firmino, filha de “Baiano”, propõe o pagamento de uma pensão ao que restou da família

O procurador de Justiça Sammy Barbosa Lopes, chefe do Ministério Público do Estado, disse ontem, em Rio Branco, ser favorável ao pagamento, pelo governo do Acre, de uma pensão à família de Agilson Firmino dos Santos, o “Baiano”, assassinado no dia 1 de julho de 1996 após uma sessão de tortura na qual foram secionados seus braços e pernas, além de outras lesões a golpes de motosserra. O crime é atribuído ao deputado federal cassado e coronel PM reformado Hildebrando Pascoal Nogueira Neto como retaliação à morte de seu irmão, o vereador e sargento PM reformado Itamar Pascoal, assassinado no dia 30 de junho daquele ano por José Hugo Alves Júnior, o “Mordido”, que vinha a ser amigo de “Baiano” e estava com ele na hora do assassinato. As torturas a “Baiano”, assim como a morte de um dos filhos da vítima, Uilder Firmino, então com 13 anos, ocorreram a fim de que fosse revelado por eles o paradeiro do assassino de Itamar, que só foi localizado e morto seis meses depois, no interior do Piauí. Hildebrando Pascoal também deverá ser julgado por esse crime em Avelino Lopes (PI).

O questionamento do pagamento de uma indenização ou de outra compensação financeira à família de “Baiano”, que ainda hoje vive refugiada em algum ponto do país, vem sendo feito pela filha mais velha da vítima. Emanuela Oliveira Firmino, hoje com 30 anos de idade, parte do princípio de que o governo do Acre deve uma indenização financeira a sua família porque as pessoas que mataram seu pai e seu irmão, algumas já condenadas pelo Tribunal do Júri Popular da Comarca de Rio Branco, como é o caso de Hildebrando Pascoal, eram agentes públicos e estavam a serviço do Estado. Hildebrando Pascoal pegou 18 anos de prisão por esse crime.


O procurador de Justiça Sammy Barbosa se mostrou favorável ao pagamento da pensão Sammy Barbosa, ao ser informado da pretensão de Emanuela Firmino, disse que a proposta tem sentido e está amparada por leis brasileiras e internacionais que tratam da proteção aos direitos humanos. De acordo com o procurador, a corte Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA), da qual o Brasil é filiado e signatário, protege a pretensão de Emanuela. É com base nessas leis que o governo brasileiro vem pagando pensões às vítimas da ditadura militar, principalmente àquelas que sofreram torturas.

“Sou favorável a essa pretensão - e falo como procurador-chefe do Ministério Público do Acre e como promotor que atuou no caso - porque a violência que sofreu essa família, e num nível absurdo, é algo que precisa ser reparado, principalmente porque os agressores dessa família, em sua maioria, eram agentes do Estado”, disse Barbosa. “Eram pessoas que faziam parte da estrutura do Estado, inclusive parlamentares. Além disso, para capturar e submeter essas pessoas, pai e filho, à barbaridade das torturas que eles sofreram, foi utilizada inclusive o aparato de segurança do Estado.”

No julgamento em que foi condenado a 18 anos de prisão pela morte de “Baiano”, os promotores pediram o pagamento de uma indenização, por Hildebrando Pascoal e demais acusados, no valor de R$ 500 mil, à família de “Baiano”. O pagamento de indenização no Direito Penal, inclusive em crimes contra a vida, é um princípio novo e que não vem alcançando os objetivos proposto pela legislação. Um exemplo é o caso do próprio Hildebrando, que já não dispõe de nenhum bem em seu nome. Mesmo se condenado a pagar pesadas indenizações, ele não tem dinheiro para isso. Todo o seu patrimônio – fazenda, gados, joias, imóveis – está em nome de Rosângela Nogueira, casada com Hildebrando há 30 anos e da qual ele se separou consensualmente há um ano e meio. “Foi tudo armação para que ele não pague mais advogados nem indenização com o patrimônio acumulado”, disse um advogado com especialização em direito de família. “Ele se separou de dona Rosângela só no papel.”


PERITOS do Distrito Federal atestam que cortes foram feitos com motosserra Se isso for verdade, o pagamento dos R$ 500 mil como indenização pela morte de “Baiano” e de seu filho, no caso de Hildebrando, há de se tornar uma sentença inexequível. É nesse sentido que ganha cada vez mais relevância a pretensão de Emanuela Firmino de que o Estado, e não Hildebrando, deve a sua família o pagamento de uma indenização ou pensão.

“Não vejo abrigo no pagamento de uma indenização. De uma pensão, sim. Mas isso só deve ocorrer quando todo o processo transitar em julgado, quando não houver mais nenhum recurso sobre o caso”, disse Sammy Barbosa. “Depois disso, o Ministério Público pode se manifestar ao Poder Executivo, que toma a iniciativa junto à Assembleia Legislativa e aí, sim, essa família que tanto sofreu pode vir a receber um benefício do Estado.”

“É humilhante viver num país onde a vida das pessoas mais pobres não vale nada”
Ela tinha 15 anos quando viu seu pai e irmão pela última vez. Morava numa casinha acanhada na periferia de Rio Branco quando, de repente, na noite do dia 30 de junho, viu um bando de homens, uns fardados outros não, entrarem em sua casa. Primeiro, levaram sua mãe, Evanilda; depois, seu irmão Uilder, então com 13 anos.

Só no dia seguinte, ao reconhecer o corpo do pai sem braços, pernas e outros membros e ao saber que o cadáver de seu irmão havia sido encontrado com sinais de que havia sido embebido em ácido sulfúrico, ela compreendeu que sua família estava vivendo um terrível pesadelo. Com ajuda de familiares que viviam fora do Acre, Emanuela, sua mãe e o irmão sobrevivente da tragédia, Eder, então com 12 anos, conseguiram escapar da fúria dos executores e saíram do Acre. Só agora, 15 anos depois, ainda vivendo com medo e escondida, Emanuela, agora convertida à condição de líder do que restou de sua família, vem a público para falar sobre o assunto.

Personagem do livro “O Rabo da Besta”, que está em fase de edição, Emanuela Firmino foi localizada pelo jornalista Tião Maia, autor do livro a ser publicado, e concedeu a seguinte entrevista sobre o pagamento de indenização ou pensão a sua família. A seguir, os principais trechos da entrevista:

- Vocês acham que têm direito ao pagamento de uma indenização ou de uma pensão pela violência sofrida por parte do deputado Hildebrando Pascoal e de seus homens?

Emanuela - Como já falei em outras oportunidades, inclusive lá no julgamento dos assassinos do meu pai e do meu irmão, nós queremos somente que o Estado e o governo do Acre nos indenizem por tudo o que passamos. Queremos ser indenizados não somente porque os assassinos eram servidores públicos e mesmo assim cometeram esses dois brutais assassinatos, mas, pior ainda, porque o Estado que os contratou é o mesmo que nos negou apoio quando mais precisávamos.

- Como foi isso?

Emanuela - Na noite que prenderam meu pai e sequestraram meu irmão em nossa casa, minha mãe saiu comigo e meu irmão menor correndo pela rua, desesperada, pedindo apoio. Como já contei, ninguém quis abrir a porta para nós. Não tínhamos dinheiro para pegar um táxi e minha mãe conseguiu que um motorista nos transportasse para um local que não sei onde é pelo preço de um relógio caro que ela tinha ganhado de presente do meu pai. Passamos a noite refugiados num banheiro imundo e só conseguimos sair de Rio Branco com ajuda da nossa família que morava fora do Acre, quando já sabíamos que meu pai e meu irmão haviam sido mortos daquela maneira.


AGILSON Firmino e Evanilda durante a cerimônia de um casamento que duraria 16 anos - E por que você responsabiliza o Estado e o governo do Acre por isso?

Emanuela - Porque, além de terem sido agentes do Estado que fizeram aquilo com meu pai e meu irmão, o Estado e o governo, através de suas forças de segurança, nos negaram qualquer tipo de apoio. Quanto mais nós pedíamos socorro, mais nos negavam. Imploramos pelo amor de Deus que as autoridades nos ajudassem e a própria polícia dizia que ‘com a família Pascoal ninguém se metia’. Nós estávamos desesperados, em pânico, com muito medo de morrer, e a única coisa que nos diziam era para não retornar em casa e que não poderiam fazer nada pela gente.

- Ninguém teve pena da situação de vocês?

Emanuel - Pena talvez, mas ajuda não tivemos nenhuma, nem de pessoas nem do Estado. E éramos mesmo dignos de pena porque, naquele momento, éramos uma mãe com medo não só de morrer mas também de perder as duas únicas coisas que lhe restaram: seus dois filhos. E nós - eu e meu irmão Uelder - também não só tínhamos medo de morrer como o nosso irmão assim como também de perder nossa heroína naquele instante, a nossa mãe.

- Ela foi, de fato, uma heroína na luta para salvar vocês dois. Como se deu isso?

Emanuela - Minha mãe também esteve à beira da morte, como meu pai. Ela chegou a ser levada por policiais militares para o quartel da Polícia Militar e só por um milagre de Deus foi liberada e pôde voltar em casa para salvar a mim e meu irmão menor, já que meu irmão Uilder já havia sido sequestrado. Se minha mãe não tivesse voltado do quartel naquela noite, certamente eu e meu irmão também estaríamos mortos porque, como nós dois iríamos ficar naquela cidade, sem parentes, sem amigos, sem conhecer nada e com todo um aparato de segurança atrás da gente?

- Mas, ao que consta, vocês receberam algum tipo de ajuda para sair de Rio Branco, não foi?

Emanuela - Na verdade, a única pessoa que nos ajudou foi uma senhora humilde e corajosa, e nem seu nome eu sei, que, mesmo sabendo dos nossos problemas e com quem estávamos lidando, abriu a porta de sua casa e nos deixou ficar até quando partimos de Rio Branco.

- Como você reage às provocações de que, ao propor uma indenização ou pagamento de uma pensão, sua família está apenas querendo tirar proveito dessa tragédia?

Emanuela - Isso é coisa de gente maluca, de gente que não respeita a dor dos outros. Algum maluco andou comentando isso, mas não nos atinge. Particularmente, dinheiro não me interessaria se meu pai e meu irmão estivessem aqui. Mas o que ocorreu foi muito grave. Por isso, acho que não só eu, mas toda a minha família merece que o Estado possa arcar com tudo que fizeram contra a gente. Dinheiro não ira trazer meu pai e o Uilder de volta, mas, pelo menos, poderia oferecer um pouco de descanso a minha mãe e a minha avó, mãe de meu pai, que vive doente desde que soube da forma como seu filho foi morto e que hoje já nem consegue andar. Eu não luto só por mim. Lutarei por essas duas mulheres e pelo meu irmão.

- Você trabalha, estuda... ?

Emanuela - Não quero entrar em detalhes sobre a minha vida, mas posso garantir que eu e meu irmão trabalhamos, estudamos e vivemos dignamente. Mas eu vou lutar pela minha avó, que era ajudada por meu pai e que desde sua morte não tem quem faça nada por ela, porque minha família, e minha mãe principalmente, não mereciam passar por tudo o que passaram. Posso dizer que a dor da minha família, apesar do tempo, ainda não passou. Minha mãe é uma mulher triste, doente, acabada. Não esqueçam os meus críticos que minha mãe perdeu o marido que amava e um filho de 13 anos que era o mais apegado a ela. Ele não desgrudava dela a não ser para jogar videogame! Ela sofre calada. Não diz nada a mim porque sabe que sou revoltada com a nossa situação e sabe que cada dia que passa fico ainda mais revoltada com este país medíocre que protege poderosos e só destrói os mais pobres. Amo meu Brasil, mas é humilhante viver num país que tem esses valores, onde a vida das pessoas mais pobres não vale nada! Vou lutar para que o Estado do Acre pague por toda a humilhação e dor que nos fizeram passar. Depois, aí poderão dizer que a página negra virou. Por enquanto, não.

- Quanto você imagina que pode ganhar com isso?

Emanuela - Não pensei em valores ainda. Precisaria conversar com um advogado, o que ainda não fiz. O que sei é que se a família do Chico Mendes recebe, nos também temos esse direito, porque também fomos vítima de violência parecida, com duas vidas ceifadas, inclusive de um adolescente. Mas nunca procurei saber de valores nem como eles conseguiram obter esse direito. Mas vou descobrir. Isso tem que ser público.

- Como vocês vivem atualmente? Fale um pouco da situação de vocês, da sua mãe, do seu irmão e de você...

Emanuela - Bem, vivemos de forma humilde. Um pouco melhor do que quando tudo aquilo aconteceu e precisamos ficar na casa de parentes, dormindo no chão. Hoje, temos uma pequena casa. Eu, minha mãe e e meu irmão trabalhamos, mas sinto falta de uma assistência melhor à minha mãe e à minha avó. Ela tem problemas de saúde decorrentes daquele fatídico 30 de junho de 1996. Ela tem artrose e não anda mais. Há pouco tempo precisou de cadeira de rodas e não tínhamos como comprar. Sei que se meu pai estivesse aqui, isso não estaria acontecendo. Tenho uma bolsa de estudo e faço serviço social, com muito sacrifício. Meu irmão abandonou alguns sonhos e não completou nem o ensino fundamental. Trabalha com minha mãe em serviços gerais. Nossa vida é difícil, mas somos unidos e nos tratamos muito bem. Meu irmão, todos os dias, me manda mensagens de carinho, me chama de ‘meu amor’ e eu digo que o amo muito. Sempre choramos juntos. Éder idolatra meu pai. Eu sei que todos os seres humanos têm defeitos e meu pai certamente tinha também os dele, mas Éder o vê como um herói, o seu herói.

- Como é viver com medo? Vocês ainda tem medo?

Emanuela - Quem não viveria com medo depois de tudo que nós passamos? Mas, apesar de tudo, demos seguimento à nossa vida. Acho que o pessoal que matou meu pai e meu irmão não tem mais por que nos fazer mal porque nada temos acrescentar aos fatos. Como dissemos, inclusive no julgamento dos acusados, não vimos nada, não fizemos nada e não queremos saber de quem foi condenado ou não sobre o caso. Nada falaremos mais sobre eles. Por que essa gente ainda iria nos perseguir? Mataram meu pai e meu irmão para que eles dissessem onde estava o José Hugo. Pelo menos é isso que falam todas as reportagens sobre o assunto. Nós, o que restou da família, até hoje não sabemos de nada ao certo como foi e não fizemos mal a ninguém, nem eu nem minha família. Pelo contrário, nós é que sofremos toda a sorte de sofrimento e o que fizemos foi entregar tudo nas mãos de Deus.

- O Hildebrando disse à imprensa, ao sair de uma cirurgia num hospital de Rio Branco, que não tem mais raiva de ninguém. Você acredita nisso ?

Emanuela - Eu já falei e vou repetir: não tenho nada que falar sobre esse senhor. Ele foi julgado e condenado não pela minha família, mas pela Justiça. Se ele tem raiva ou não de alguém, não é problema nosso. Não queremos nada dele, não entraremos com ações contra ele. Queremos, isso sim, é entrar contra o Estado e o governo e peço a todos que nos respeitem, pelo nosso sofrimento e por tudo que passamos.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

PERNAS TRÊMULAS E AQUELE FRIO NA BARRIGA

MEUS AMIGOS ESTOU PENSANDO EM ACABAR COM MEU BLOG,NÃO SEI SE DEVO CONTINUAR,SERA QUE SONHAR COM UM BRASIL DIFERENTE DEPOIS DE TUDO QUE PASSEI É ERRADO?OLHA SMEPRE DEIXAMOS CLARO ATÉ MESMO NO JULGAMENTO,NÃO CONSEGUIMOS RECONHECER NINGUEM,NO DIA SO VIMOS OS POLICIAIS QUE FORAM LA EM CASA MAS ESTAVAM DE BONÉ E ACHO QUE NOSSO CEREBRO BLOQUEOU E NÃO LEMBRAMOS E NEM RECONHECEMOS NINGUEM.PODERIAMOS ENTRAR COM AÇÕES INDENIZATORIAS CONTRA OS CONDENADOS MAS NÃO QUEREMOS,NÃO QUEREMOS NEM SABER QUEM FOI OU DEIXOU DE SER CONDENADO,NÃO ESTAMOS AQUI PRA FALAR NEM BEM NEM MAL DE QUEM FOI CONDENADO PORQUE PRA GENTE NÃO FAZ DIFERENÇA O QUE QUERIAMOS MESMO ERA OS DOIS COM AGENTE E ISSO NÃO TEREMOS MAIS.SE FORAM JULGADOS E CONDENADOS NÃO FOI POR NOSSA CULPA PORQUE FICAMOS QUETINHOS EM NOSSO CANTO SO QUERENDO ESQUECER TODO AQUELE PESADELO VIVIDO POR MINHA FAMILIA.
O QUE QUEREMOS MESMO É QUE O ESTADO REPARE O MAL,SABEM POR QUE O ESTADO?PORQUE QUANDO ACONTECEU TUDO,PROCURAMOS PROTEÇÃO,PROCURAMOS AJUDA E NEINGUEM NOS AJUDOU,NEM AO MENOS DAR PROTEÇÃO A UMA MULHER DESAMPARADO COM DOIS FILHOS TRAUMATIZADOS.E É SOMENTE CONTRA ESTE ESTADO QUE IREI BRIGAR.AS PESSOAS JA FORAM JULGADOS PELA JUSTIÇA.AGORA QUERO QUE A JUSTIÇA JULGUE A PROPRIA JUSTIÇA E NOS FAÇA JUSTIÇA.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

QUANDO LI ESTA REPORTAGEM ME BATEU UM MEDO,ME DEU VONTANDE DE DESISTIR!!!

Entre o medo e o dever
Escrito por Tião Maia
27-Nov-2010
Como ficam os homens e mulheres que ajudaram a desmontar o esquadrão da morte diante da possibilidade de soltura de Hildebrando Pascoal? Alex, o segundo do bando, já está em liberdade

A aposentadoria, na beira da praia, como procurador de Justiça, poderia ser a realização de um sonho para quem trabalhou duro desde a infância. Poderia. Para Elizeu Buchmeier de Oliveira, prestes a completar 60 anos de idade, a aposentadoria não é sinônimo de sossego.
Ele mora em Florianópolis (SC). Não vive propriamente escondido, mas está longe de levar a vida de um aposentado comum. Mesmo na inatividade, ainda tem que cercar-se de alguns cuidados. Dificilmente sai de casa e, quando o faz, é para pescar, em alto mar. “É no mar que me sinto seguro. Em casa, onde fica minha família, mantenho cachorros treinados, mas é no mar que vivo realmente a sensação de liberdade”, conta Buchmeier, que escapou de pelo menos dois atentados, recebeu inúmeras ameaças de morte e conhece de perto o poder de fogo do bando que o levou a apressar a aposentadoria e ir embora do Acre em busca de proteção para si e a família.
Prestes a ganhar a liberdade, assim como já ganhou o sargento Alex, Hildebrando preocupa o procurador Elizeu: “Liberdade só no mar”

“Embora eu ainda mantenha casa em Rio Branco, ninguém da minha família quer saber de voltar ao Acre”, conta o barriga-verde nascido em Sobradinho, que foi trabalhador braçal até se transferir para Rio Branco, em 1978. Aqui, ele acumulava as atividades de mecânico de automóveis com as de estudante de Direito, e assim conseguiu realizar o sonho de tornar-se promotor de Justiça. Hoje tem dúvidas se tanto esforço valeu a pena. Afinal, para quem, mesmo aposentado, tem que cercar-se de cuidados, viver é sempre um risco.

Como promotor da comarca de Xapuri, no fim dos anos 80, Eliseu Buchmeier de Oliveira, ao lado do criminalista Márcio Thomaz Bastos (que viraria ministro da Justiça no primeiro mandato do presidente Lula), atuou na acusação que resultou na condenação, a 19 anos e meio de prisão, do fazendeiro Darli Alves da Silva e de seu filho Darcy Alves Pereira, pelo assassinato do líder sindical Chico Mendes. Foi em Xapuri, convivendo entre pistoleiros que andavam armados à luz do dia e acertavam preços de assassinatos na praça central da cidade, que o então promotor descobriu a existência de uma espécie de sindicato do crime em atuação no Acre. É a partir dessas informações que ele vai se tornar a autoridade a iniciar o processo que resultaria na queda do crime organizado que atuava no Estado e levou à cassação e prisão do deputado federal e coronel PM reformado Hildebrando Pascoal Nogueira Neto, apontado como chefe de um bando que, entre outras coisas, costumava decapitar e fatiar suas vítimas a golpes de motosserras.

Buchmeier tem sobejas razões para cercar-se de cuidado porque o homem que decidia quem deveria viver sob ou sobre o território acreano, mesmo cumprindo penas que podem superar os 100 anos de prisão, está próximo de deixar a cadeia. Ele deverá ser beneficiado pela carcomida legislação penal brasileira que prevê progressão de pena por bom comportamento mesmo para um dos homens que entrou para a história da crônica policial do país como um dos mais frios e violentos de que se tem notícia. Mais preocupante ainda porque o próprio Hildebrando disse, na semana passada, ao ser entrevistado pelo repórter Marcelo Rezende, da TV Record, que caso ganhe a liberdade, “muita gente vai fugir do Acre”, num claro sinal de que seu sentimento de vingança ainda é muito latente. “A cadeia faz quebrar a arrogância de muitos criminosos. No caso de Hildebrando Pascoal, isso não está acontecendo”, definiu o promotor Leandro Portela, da Vara do Tribunal do Júri, que atuou num dos julgamentos a que o ex-coronel foi submetido.

Uma autoridade que atuou na direção de presídios e que conhece bem os escaninhos das cadeias acreanas e o perfil de alguns dos criminosos enjaulados a partir da decisão de um grupo de pessoas que resolveu enfrentar o crime organizado que atuava no Estado definiu a entrevista e o perfil de Hildebrando Pascoal desta forma: “Duas coisas alimentam um homem na cadeia: o amor e ódio. No caso de Hildebrando, o que o alimenta é a possibilidade real e concreta de se vingar de seus inimigos”. Se isso for verdade, Elizeu Buchemeir e outros juízes e promotores teriam então muitas razões para se preocupar.

“O Hildebrando Pascoal é capaz de qualquer coisa”
O sinal amarelo sobre a liberdade de Hildebrando Pascoal foi dado na semana passada quando a juíza titular da Vara de Execuções Penais, Maha Kouzi Manasfi e Manasfi, mandou soltar o sargento PM Alex Fernandes Barros, condenado a 16 anos de prisão. Acusado de ser o principal colaborador de Hildebrando Pascoal, Barros, contra o qual recaem praticamente as mesmas acusações feitas a seu chefe, já passa o dia fora da prisão e volta à cadeia apenas para dormir, por decisão da polêmica juíza de origem libanesa.

Na semana passada, a liberdade de Alex, preso desde 1999, foi comemorada com um almoço em família no qual não faltaram cerveja e outras bebidas alcoólicas. Um parente de Alex confidenciou que o militar não bebeu. Para que o reeducando possa usufruir o regime semiaberto, a juíza Maha Kouzi Manasfi e Manasfi determinou que ele, por meio do defensor público, apresentasse o endereço atualizado.

A libertação de Hildebrando, preso também desde 1999, nos mesmos moldes de Alex Barros, está prevista para ocorrer em meados do ano que vem, quando o acusado completa 58 anos (faz aniversário no dia 17 de janeiro).

“Além de ser extremamente vingativo, o Hildebrando é político, e isso o torna mais perigoso ainda, pois de uma hora para outra pode se tornar muito forte”, diz o procurador aposentado Elizeu Buchmeier. “Na PM, onde ele tinha grande influência, como ex-coronel, seu poder acabou. Descobri, quando ainda estava em atividade, que os policiais são fiéis ao poder e não à pessoa. Mas o Hildebrando é capaz de qualquer coisa, pois mandou matar um policial civil depois de 14 anos só porque tivera uma desavença com seu irmão Itamar”, conta.

Mesmo com informações assim, Buchmeier diz não ter medo. “Se tivesse medo deles não os teria investigado, pois logo no início das investigações o Alex entrou na minha sala com cópia de uma representação contra mim, esfregou na minha cara e disse que eu iria saber quem era ele, dizendo que era bom eu desistir do que estava fazendo. Respondi para ele que aquela ameaça me fazia ainda mais valente, pois meu avô paterno sempre dizia que quanto maior o perigo mais valente precisamos ser”, disse Buchmeier.

Para o procurador aposentado, a liberdade que homens tão perigosos estão conquistando por força de lei, mesmo com o temor que isso possa causar, tem que ser respeitada. “Lamentavelmente, sob o aspecto legal, não é possível se fazer muita coisa, já que o Supremo decidiu que crime hediondo também tem progressão de pena”, disse Buchmeier. “O que me tranquiliza é que, uma vez soltos, esses criminosos sabem que, com qualquer deslize, o benefício acaba.”

De acordo com as acusações do Ministério Público nas quais Buchemeir tomou parte, o sargento Alex era uma espécie de lugar-tenente de Hildebrando Pascoal e subchefe nas operações do crime organizado ao qual é atribuída a autoria de quase uma centena de assassinatos ao longo de duas décadas de terror - a grande maioria das mortes com sinais horrorosos de mutilação.

“Mutilação era uma espécie de assinatura dos criminosos”, diz procurador
“As vítimas apareciam quase sempre sem cabeça, sem braços ou mãos”, conta o atual procurador-chefe do Ministério Público do Acre, Sammy Barbosa, um dos primeiros promotores de Justiça a auxiliar Buchmeier no combate ao crime organizado.

Na avaliação do procurador, a decapitação e mutilação dos cadáveres tinha duplo objetivo: dificultar a identificação das vítimas - e consequentemente dos assassinos - e também caracterizar, tamanha era a certeza da impunidade, a autoria dos crimes. “Como na lenda do Zorro, que assinava seus feitos com o ‘Z’ escrito a golpe de espada, a mutilação dos cadáveres era de fato uma assinatura. A assinatura do bando do Hildebrando”, afirma Sammy Barbosa.


Procurador-chefe do Ministério Público do Acre, Sammy Barbosa Nascido na periferia de Rio Branco em 1972 e formado em Direito 22 anos depois, o atual chefe do Ministério Público do Acre é um velho conhecido e inimigo dos criminosos do Acre. Seu batismo de fogo ocorreu no auge da atuação do crime organizado no Acre, durante o governo de Orleir Cameli e do qual Hildebrando Pascoal, então deputado estadual, era seu líder na Assembleia Legislativa. Na época, na cadeira hoje ocupada por Sammy Barbosa na chefia do Ministério Público estava sentada a procuradora Wanda Denir Nogueira, que vem a ser cunhada de Hildebrando e que teve seu nome cogitado como candidata do governo de Orleir à prefeitura de Rio Branco, pelo PFL (atual DEM), nas eleições de 1996. Coincidência ou não, Hildebrando Pascoal, que havia sido eleito o deputado estadual mais votado nas eleições de 1994, acalentava o sonho de, além da eleição da mulher de seu irmão Silas para a prefeitura da capital, ser indicado por Orleir Cameli à sucessão do governador nas eleições de 1998. Mas os sonhos de poder viraram pesadelos porque, no meio do caminho, surgiram Buchmeier, Sammy Barbosa e outros promotores como Patrícia Rego, Álvaro Pereira, Cosmo Lima de Souza, Edmar Monteiro Filho, Luiz Francisco de Souza e juízes como Denise Castelo Bonfim, Jair Facundes e Gercino José Silva Filho. Todos os que escreveram seus nomes na lista dos que ajudaram a tirar o Acre da condição de um Estado paralelo nas mãos de criminosos temem a liberdade dos homens que eles ajudaram a combater, como admite Sammy Barbosa, que conhece bem o tom das ameaças do bando que está prestes a voltar às ruas do Acre. “Na época, eu recebi uma carta dizendo que iam tocar fogo na minha casa com minha família dentro”, conta. Na época, casado com uma juíza de Direito, o então promotor já era pai de duas meninas, de seis e sete anos.

No caso de Buchmeier, aliás, não foi ameaça - foi atentado mesmo, por duas vezes. “A primeira tentativa foi na minha fazenda, que ficava entre Brasileia e Assis Brasil. Num sábado fui até lá e levei meu barco para pescar no rio Acre. À noite, o pessoal do Hildebrando foi até a sede da fazenda me procurar, mas como meu caseiro já tinha sido alertado, mandou que eles se retirassem. Minha sorte foi que eu estava pescando longe do local”, contou o procurador. “Outra tentativa ocorreu na estrada de Porto Acre, quando eu retornava de um Festival da Melancia. Na estrada, um carro velho ia à minha frente e uma moto com dois passageiros vinha atrás. Quando eu tentava ultrapassar, o carro me fechava. Daí eu desconfiei e então forcei a passagem. Segundo um dos passageiros da moto, o plano era esperar escurecer para então me executarem.”

A última tentativa contra o procurador, segundo ele próprio, ocorreu no semáforo da Avenida Ceará próximo ao Terminal Urbano. “Ali eles ficaram mais de uma semana me esperando. Entretanto, sempre tomei cuidado de não parar em semáforo, uma das importantes orientações do curso antissequestro que eu havia feito”, revelou.

“Se o Hildebrando me matar, terei uma morte bonita”
Em função da liberdade dos homens que ajudou a prender, Sammy Barbosa também não esconde suas preocupações. E não só com ele. “É claro que a gente pensa nos colegas”, revela.

O cargo, assim como a profissão de promotor de Justiça, caiu-lhe no colo como que por acaso. Logo após concluir o curso de Direito, Sammy Barbosa assumiu um cargo importante na hierarquia do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), mas, de alguma forma, sabia que não era exatamente aquilo que gostaria de ser pelo resto da carreira. “Um dia, durante uma chuva torrencial, eu estava pensando na vida, quando vi na TV uma espécie de quasímodo tentando subir num trator, com todo o sacrifício possível, a fim de tentar tirar o decalque de uma máquina para mostrar que, por baixo, havia a prova de que aquela máquina, como muitas outras, de fato pertencia à empresa privada do governador do Estado e que estava trabalhando em obras contratadas pelo governo de forma irregular”, conta o hoje procurador-geral de Justiça do Acre.


Luiz Francisco exibe o que restou de “Baiano”,
uma das vítimas de Hildebrando O “quasímodo” ao qual Sammy Barbosa se refere vem a ser o procurador da República Luiz Francisco Fernandes de Souza, 48, que chegou ao Acre em junho de 1995 e em pouco mais de um ano infernizou a vida de Hildebrando e, de quebra, do então governador Orleir Cameli, acusado de uma série de crimes, entre as quais a de contratar máquinas de suas empresas para realizar obras de pavimentação da BR-317 e de encobrir a irregularidade com os decalques que Luiz Francisco tentar arrancar para mostrar o crime.

Nascido em Brasília, o procurador trazia no currículo a condição de ex-seminarista da Ordem dos Jesuítas, ex-bancário e ex-sindicalista, filiado e militante do PT, do que abriu mão apenas ao ingressar no Ministério Público Federal, em 1995. Sua primeira missão foi no Acre, aonde chegou trazendo na mala apenas dois ternos surrados, além do par de sapatos que calçava. Morava na própria sede do Ministério Público Federal e dali não se ausentava nem mesmo para fazer refeições, alimentando-se de lanches e de biscoitos, muitos biscoitos. Seu prato predileto era buscar provas contra Orleir e Hildebrando, como fazia naquele dia de chuva. Ao saber da possibilidade de liberdade de Hildebrando e seus homens, Luiz Francisco diz que não tem medo da morte. “Se acontecer alguma coisa comigo, terei uma morte muito bonita, sem o menor problema”, revelou.

Na época, 1996, como consequência das ações do excêntrico procurador no Acre, o governador Orleir Cameli, ao lado de deputados e senadores do Estado, vai a Brasília para uma audiência com o presidente Fernando Henrique Cardoso. Pede nada mais, nada menos que a cabeça do procurador da República que lhe infernizava a vida no Acre. Bronco, o governador que se jactava de só ter estudado até a quarta série do antigo primário e de mesmo assim ter-se tornado um dos homens mais ricos da Amazônia a ponto de também se eleger governador do Acre, achava que o procurador da República estava subordinado ao presidente. Seu pedido leva FHC, um dos intelectuais mais respeitados do mundo, ao incrível constrangimento de declarar o seguinte:

- Governador, me desculpe, mas não posso atendê-lo. A Constituição de 88 criou, com o Ministério Público, quase um Estado paralelo. Mesmo o presidente da República não pode fazer nada contra um membro do Ministério Público.

Ao ver aquele diálogo na TV, o bacharel em direito Sammy Barbosa, mesmo exercendo um cargo importante na direção do TRE, não teve dúvidas: - É isso o que vou ser! - disse, levantando-se da cadeira quase direto para a inscrição no concurso que o levaria ao Ministério Público Estadual.

Luiz Francisco, Buchmeier, delegados da Polícia Federal, juízes e outros promotores interessados em tirar o Acre da condição de Estado paralelo comandado por Orleir Cameli e Hildebrando Pascoal acabavam de ganhar um aliado. Um aliado destemido.

A mão pesada da juíza Denise Bonfim a leva a viver sob escolta policial
Depois de idas e vindas pelas comarcas do interior do Estado, ora punido, ora promovido, Sammy Barbosa vai parar na segunda vara criminal de Rio Branco, onde a juíza titular é Denise Castelo Bonfim, uma moça cuja determinação a levou a ser empregada doméstica nos Estados Unidos só para aprender a língua inglesa. É ali na segunda vara criminal - e não na vara do Tribunal do Júri Popular - que estão sendo arquivados os processos cujas vítimas apareciam sem cabeças, braços, pernas e outros membros. Processos arquivados sem autoria definida porque, se os cadáveres não falam, possíveis testemunhas, quando não eram assassinadas, faziam pacto de silêncio com os criminosos. Mas num dia de 1996, os criminosos cometem um erro: o cabo PM Alberto Paolino da Silva, um craque que tinha tudo para fazer carreira no futebol profissional, resolvera tentar a sorte nos gramados do crime como braço armado de Hildebrando Pascoal. Com ajuda de um comparsa de nome Rainey, assalta um traficante de drogas do bairro Tancredo Neves. Apesar de crivado de balas, o traficante sobrevive, reconhece seus algozes e depõe contra eles diante de Sammy Barbosa e de Denise Bonfim. A mão da juíza é pesada: Cabo Paolino e seu comparsa pegam 15 anos de prisão, em regime fechado. Mas é no decorrer da apuração do caso que o crime organizado vai mostrar sua face - ou melhor, sua voz - pela primeira vez.


magistrada que proferiu as primeiras condenações do bando foi também a primeira a ser ameaçada “Sua amiguinha vai morrer”, diz o comando do crime ao promotor Cosmo sobre Patrícia Rego
A promotora titular do caso é Patrícia de Amorim Rego. Formada em direito aos 19 anos, na atuação como promotora de Justiça ela ainda conserva os traços de menina, mas nem por isso é menos dura com os criminosos. Sua forma de falar, sem poupar adjetivos poucos elogiosos aos criminosos, parece irritar os comparsas ocultos dos bandidos em julgamento. É isso que demonstra uma voz no telefone do também promotor Cosmo Lima de Souza:

- Sua amiguinha é muito boçal, mas vai morrer. Ela e você, seu filho da p.!


Patrícia Rego, promotora de justiça ainda muito jovem, viveu o horror da ameaça de morte bem de perto e hoje acha que os novos promotores não devem se intimidarpor Os dois promotores são obrigados a abandonar o caso e passar uma boa temporada escondidos, longe Acre. É quando Sammy Barbosa entra no caso e ajuda a colocar Cabo Paolino e seu comparsa Rainey na cadeia. Sua fama de destemido o leva, certo dia, a ser convidado a uma reunião na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Rio Branco. Ali, vários agentes e delegados que estavam no Acre investigando a existência de um esquadrão da morte a partir de denúncias do desembargador Gercino José da Silva ao Ministério da Justiça. De acordo com as denúncias, asseveradas pelo Conselho de Defesa da Pessoa Humana, órgão do Ministério da Justiça, na época, meados dos anos 90, o Acre era um campeão de assassinatos: 130 casos por ano, quando a média nacional para assassinatos daquela natureza era de 64,5 para cada grupo de 100 mil pessoas. “Segundas-feiras era dia de contar mortos”, diria o então governador Jorge Viana logo após tomar posse e passar a apoiar as instituições interessadas na queda do esquadrão da morte. É para isso que Sammy Barbosa vai àquela reunião na Polícia Federal. Delegados e agentes federais queriam saber se o jovem promotor assinaria uma denúncia contra o sargento Alex Fernandes Barros e o ex-soldado PM Ronaldo Romero. Ele assina. Os dois são acusados de terem invadido a casa de José Hugo Alves Júnior, o “Huguinho”, em 1996, e de ter saqueado todos os seus bens, inclusive uma caçamba e um Gol. A casa foi saqueada durante a caçada a “Huguinho”, que era acusado de ter matado, no dia 30 de junho de 1996, durante um bate-boca no Posto Parati, o vereador e sargento PM reformado Itamar Pascoal, irmão mais novo de Hildebrando. Após essa morte, que culminou com a detenção e execução do mecânico Agilson Firmino dos Santos, o “Baiano”, que estava com Hugo na hora do crime contra Itamar, e de seu filho Wilder, 15, o Acre nunca mais foi o mesmo. De acordo com os promotores e juízes que atuaram no caso, foi aí que Hildebrando e seus pistoleiros, que atuavam nas sombras, tiveram que mostrar a cara. E eles não se intimidaram a ponto de saquearam os bens de um homem marcado para morrer e que de fato seria assassinado, no Natal de 1997, na fronteira do Piauí com a Bahia. A acusação contra Alex e Ronaldo Romero também incluía o delegado de polícia civil Carlos Bayma, do 6° Distrito Policial, acusado de ser um velho colaborador de Hildebrando. Presos, o delegado e um comparsa têm conversas interceptadas pela Polícia Federal acertando, como vingança, a execução de Sammy Barbosa. A morte seria cruel: sua casa (localizada então no Conjunto Procon) deveria pegar fogo, com toda a família dentro, incluindo as filhas pequenas, com o despiste de um acidente. Posteriormente, o delegado Bayma negou a articulação do crime e está de volta à ativa.

Sammy Barbosa, embora mais calejado, mantém a mesma postura de mais uma década atrás, mas não esconde que viveu com muito medo. “Minhas filhas não tiveram infância”, lamenta. “Até hoje a gente tem que se cuidar”, admite.

A verdade é que, embora não demonstrem de forma explícita, todos os que atuaram no combate ao crime organizado revelam preocupação ao saberem que podem, mais dia ou menos dia, dar de cara nas ruas com os homens que eles ajudaram a prender.

“É coisa do ofício. Eu tenho medo, sim, mas não vou viver escondida. Faz parte do ofício. Quem entra no Ministério Público tem que saber que enfrentar bandidos e o crime é o nosso ofício”, diz Patrícia Rego, aquela que se alimenta das palavras de Nelson Mandela sobre o medo.

Gercino, o homem cuja vida não vale nada
“Eu dispensei a segurança recentemente, e não sei se, como consequência disso, vou pedir de novo quando esse pessoal estiver solto. No momento, o que me conforta é minha confiança em Deus”, diz a juíza Denise Castelo Bonfim, aquela que assinou as primeiras sentenças contra o bando de Hildebrando e, portanto, foi a primeira a sofrer ameaças.


Desembargador aposentado Gercino José da Silva Filho De todos aqueles homens e mulheres que enfrentaram o crime organizado que atuava no Acre, o caso mais emblemático é o do desembargador aposentado Gercino José da Silva Filho, apontado pelo próprio Hildebrando como seu desafeto e a quem o ex-deputado ameaçou matar no meio da rua. Ouvidor agrário do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), o ex-desembargador vive em Brasília, mas percorre o país ajudando a resolver conflitos de terra. Para onde ele vai, um séquito de agentes federais o segue para protegê-lo. E não é por acaso: embora o desembargador se negue a conceder entrevistas sobre o assunto, em Brasília circulam informações de que os votos de assassinato de Gercino foram renovados durante o carnaval de 2008, durante um velório. O morto era o dentista Sete Pascoal, irmão mais moço de Hildebrando, que morrera num acidente automobilístico quando cumpria pena em regime semiaberto acusado de cúmplice do irmão nos mais diversos crimes. Nos poucos instantes em que esteve em liberdade para as exéquias do irmão, Hildebrando Pascoal teria sido pilhado em conversas com aliados acertando a morte de vários desafetos, entre os quais Gercino José da Silva Filho, um homem cuja vida não vale nada.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A JUSTIÇA E A INJUSTIÇA LADO A LADO

"Lutar contra a injustiça custa-me mais do que sofrê-la."
(Jeanne-Marie Roland de la Platière).


VI ESTA FRASE HOJE E COMEÇEI A REFLETIR SOBRE ELA E REALMENTE CONCORDO POIS MINHA FAMILIA SOFREU A INJUSTIÇA DE PERDER DOIS ENTES QUERIDOS E HOJE QUERO LUTAR CONTRA TODAS AS INJUSTIÇAS SOFRIDAS NAQUELA ÉPOCA MAS CADA DIA QUE TENTO LUTAR,QUE TENTO BRIGAR POR TUDO É MUITO DOLOROSO.SOFRO TODOS OS DIAS PELO QUE ACONTECEU A MINHA FAMILIA E TAMBEM O FATO QUE DURANTE 15 ANOS SOFREMOS CALADO,CHORANDO BAIXINHO PARA QUE NÃO CHAMASSEMOS ATENÇÃO DAS PESSOAS QUE COMETERAM TODAS ESTAS INJUSTIÇAS E ISTO DOIA MAIS AINDA.HOJE MESMO DOENDO,MESMO ME MATANDO AOS POUCOS IREI LUTAR CONTRA TODAS ESSAS INJUSTIÇAS,NÃO IREI ME FAZER DE COITADINHA,DA MENININHA QUE PERDEU O PAI E O IRMÃO E QUE FICOU DESAMPARADA E SIM NA MENINA QUE PERDEU DE FORMA BRUTAL DOS ENTES QUERIDOS E QUE SE TRANSFORMOU EM UMA MULHER GUERREIRA QUE LUTARÁ ATE O FINAL DOS SEUS DIAS PARA QUE SE FAÇA JUSTIÇA,PARA QUE SEJA REPARADO TUDO QUE PERDEMOS E OLHA QUE PERDEMOS MUITO,INFELIZMENTE O QUE QUERIAMOS DE VERDADE ERA A VIDA DOS DOIS MAS NÃO TEREMOS ENTÃO IREI LUTAR PARA QUE OS GOVERNANTES DO ACRE TENHAM VERGONHA NA CARA E ARQUE COM TUDO QUE NOS RETIRARAM,PORQUE EU E MEU IRMÃO PERDEMOS A JUVENTUDE,PARAMOS DE BRINCAR DE BONECA E CARRINHO PARA PODERMOS TRABALHAR,MINHA MÃE TEVE QUE DEIXAR DE CRIAR SEUS FILHOS COMO SEMPRE FAZIA PARA IR TRABALHAR.HOJE AINDA NÃO CONSEGUIMOS NADA,NÃO TEMOS UM LOCAL DIGNO DE MORADIA,NÃO TEMOS UM PLANO DE SAUDE QUE NESTE MOMENTO ERA O QUE MAIS QUERIA PORQUE MINHA MÃE TEM PROBLEMAS QUE SURGIRAM DEPOIS DAQUELE ANOS DE 1996.TEM QUE SAIR 5 HORAS DA MANHÃ PRA TRABALHAR NÃO QUE ISSO SEJA INDIGNO MAS MEU PAI SEMPRE GARANTIU NOSSO SUSTENTO E HOJE SE ELE ESTIVESSE ENTRE NÓS TUDO SERIA DIFERENTE,MEU IRMÃO TEM SONHOS QUE NÃO FORAM CONCRETIZADOS COMO POR EXEMPLO QUERIA SER JOGADOR DE FUTEBOL E ATE MESMO NO DIA QUE LEVARAM UILDER E O ASSASSINARAM ELES DOIS ESTAVAM JOGANDO BOLA QUE TINHAM GANHADO NAQUELE DIA,E ESTE SONHO FOI ENCERRADO NAQUELE DIA.EU SEMPRE SONHEI EM SER PSICOLOGA E MEU PAI SEMPRE ME CHAMAVA DE DOUTORA,TIVE QUE TRABALHAR ASSIM QUE TUDO ACONTECEU E ESTE SONHO FOI FICANDO PRA TRÁS,HOJE ESTOU NO QUARTO SEMESTRE DE SERVIÇO SOCIAL E VOU LUTAR TAMBEM CONTRA INJUSTIÇAS COMETIDAS A OUTRAS PESSOAS POIS ESTE É O MEU IDEAL DE VIDA.
E ENCERRO ESTE DESABAFO COM ESTA FRASE,PENSEM NISTO E DEIXEM COMENTARIOS:

                           "Se não punires uma injustiça, tu mesmo estarás praticando uma."
                                                         (Publílio Siro)

domingo, 6 de fevereiro de 2011

REPORTAGEM QUE SAIU NO SABADO

Vida em fuga

Sáb, 05 de Fevereiro de 2011 19:49
Já fazem 15 anos, mas até hoje Emanuela Firmino diz que ainda não conseguiu superar o trauma vivenciado naquele domingo, 30 de junho de 1996, quando seu pai, conhecido por Baiano [Agilson dos Santos Firmino] e seu irmão Uilder, de penas 13 anos foram brutalmente assassinados pelo ex-coronel da Polícia Militar, Hildebrando Pascoal e seus homens, que formavam o temido Esquadrão da Morte no Acre. O menino foi executado para fazer sofrer o pai, que mais tarde foi torturado e morto de uma forma já mais vista: fatiado por uma motosserra, para pagar pela morte de Itamar Pascoal, irmão de Hildebrando. Baiano e o filho Uilder foram mortos porque o pai não soube explicar onde estava o assassino do irmão de Hildebrando, simplesmente por não ser cúmplice e nem manter com José Hugo relação próxima.
Numa entrevista exclusiva ao repórter de ac24horas, Salomão Matos, Emanuela, hoje com 30 anos, revela que a família dela, depois de todo sofrimento, foi enganada pela justiça e todas as instituições de segurança do Acre e que até se escondem temendo por vingança do coronel reformado da Policia Militar. “Vivemos um pesadelo onde não se pode acordar”, diz ela.
Leia a entrevista:
ac24horas - A data é 30 de junho de 1996; o você recorda desse dia?Emanuela - Era um Domingo. Me lembro muito bem como se fosse agora. Ainda não sabíamos de nada do que havia acontecido com meu pai. Então, por volta das 23h, dois homens chegaram na nossa casa e disseram que eram da polícia e que um de nós deveria acompanhá-los até o quartel da PM. Minha mãe foi. Ela foi praticamente arrastada da nossa casa e ficamos eu e meus dois irmão menores [Eder 11 anos e Uilder de 13], sozinhos e com muito medo.
ac24horas - Seu pai conhecia o José Hugo? Qual era a relação entre eles? Eram amigos?Emanuela - Eles eram apenas conhecidos. Meu pai tinha uma pensão e servia quentinhas [prato feito] para os empregados do Hugo, só isso. Meu pai nunca foi mecânico como falam por ai. Ele não trabalhava para o Hugo e nem era amigo dele.
ac24horas - E como vocês ficaram sabendo da morte do seu pai?Emanuela - Na mesma noite de domingo os homens da policia voltam trazendo minha mãe para casa e disseram que um de nós (filhos) deveria ir com eles. Eu queria ir (...) mas disseram que tinha que ser um menino homem e levaram o Uilder e só no outro dia, na segunda-feira ficamos sabendo de tudo pela televisão.
ac24horas - Então vocês ficaram sabendo da morte  do seu pai e o Uilder, só no outro dia?Emanuela - Sim. Nós não sabíamos o que havia acontecido com meu irmão ainda. Então minha mãe, desesperada, pegou a gente e saímos num taxi pela cidade e sem conhecer nada. Eu lembro que minha mãe não tinha nem dinheiro e pagou a corrida do taxi com um relógio que o pai havia dado para ela.
ac24horas - Não seria mais sensato procurar a polícia?Emanuela – Sim, mas minha mãe já sabia que eles não iam ajudar a gente e voltar na PM era perigoso. Ai fomos na secretaria de segurança. Lá, ao invés de ajudarem, eles disseram para nós nos esconder de todo jeito e nem pensar em voltar para casa. Nem que fosse para pegar uma muda de roupa. Nada, absolutamente nada. Eles praticamente nos jogaram na rua sem nos oferecer nenhum tipo de ajuda, nem mesmo proteção contra os homens que mataram meu pai e meu irmão.
ac24horas - E para onde vocês foram?Emanuela - Nos escondemos num banheiro público que não me lembro em que lugar era. Fedia muito. Era sujo. Tremíamos. Fazia frio e nós não sabíamos se tremíamos de medo ou de frio mesmo. Não dava para controlar. Ficamos lá nesse banheiro por muito tempo.
ac24horas - Vocês então não tinham amigos e nem parentes por aqui?Emanuela - Minha mãe tinha uma amiga e fomos nos esconder na casa dela. Ela é muito humilde. Foi a única pessoa que nos deu abrigo naquele dia de terror.
ac24horas - Vocês fugiram porque conheciam Hildebrando Pascoal?Emanuela - Nunca havíamos ouvido falar nesse homem até aquele dia. Lá na secretaria de segurança foi que disseram quem ele era. Os policiais mesmo falavam pra gente que não adiantava se esconder, que ele [Hildebrando] iria nos encontrar de qualquer jeito. Inclusive eles perguntaram se a gente sabia rezar, pois para eles era como se já estivéssemos condenados a morte.
ac24horas - Qual o momento que foi mais marcante nessa história toda? Vocês imaginavam que iriam morrer também, é isso?Emanuela – Claro! A todo instante pensávamos que iria entrar um monte de policiais atirando na gente. Era um terror só. Nem dormimos direito. Mas o pior foi quando ficamos sabendo que meu pai teve as pernas e braços serrados com uma motosserra e meu irmão tinha sido torturado antes de ser assassinado. Aquilo pra gente foi... se você não sabe o que é o inverno... foi o que vivemos. Meu Deus... [chorando]
ac24horas - Nos inquéritos, o Ministério Público Estadual, diz que deu a vocês ajuda e proteção...Emanuela - Tudo mentira. Não tivemos ajuda de ninguém. Saímos fugindo do Acre com ajuda dos nossos parentes que moram fora dai. (não querendo informar endereços). Fomos abandonados. Só depois, muito tempo depois eles nos procuraram para que déssemos depoimentos na justiça.
ac24horas - O que vocês esperam da justiça, hoje?Emanuela - A justiça com os condenados que mataram o meu pai e meu irmão já foi feita. O que nós queremos é reparação. Queremos que o Estado se responsabilize pelos danos que causaram á minha família. Não temos mais endereço. Além do meu pai e do meu irmão mortos, perdemos a nossa referência enquanto família. Fomos tratados no Acre como cachorros. Nós somos gente e eu ainda acredito que exista direitos humanos nesse país. O Estado foi culpado também pelo nosso sofrimento e dor. O Estado tem a sua parcela de culpa e tem de pagar por isso. Queremos justiça!
ac24horas - Hoje você disse estar com 30 anos, faz faculdade de Serviço Social, disse que quer escrever um livro e depois fundar uma ONG. Como pretende fazer isso?Emanuela - Eu já criei um blog [ http://vidaemfuga.blogspot.com/ ] e agora quero dar seguimento nos meus estudos e vou escrever um livro sobre meu pai. Um homem cheio de sonhos que veio para o Acre em busca de uma vida melhor e encontrou a morte. Um homem que era praticamente cego porque tinha problemas nas vistas, por isso, nunca aprendeu a ler e nem a escrever. Mas... que era um ótimo pai e amigo. Era um sonhador.
ac24horas - E a ONG? você não citou...Emanuela - Quando me formar, pretendo criar uma ONG de ajuda as famílias vitimas da violência nesse nosso Brasil. Vítimas das injustiças da própria justiça que os abandona quando essas famílias mais precisam.
ac24horas - Muito obrigado.Emanuela - Por nada. Eu só pediria para que vocês do ac24horas jamais informar onde estamos morando. Como bem sabe, preso no nosso país comanda os seus de dentro dos presídios. Não somos ignorantes. Só queremos justiça viver e paz.

NOTA DO EDITORO ex-deputado federal cassado e coronel reformado da PM no Acre,  Hildebrando Pascoal Nogueira Neto, cumpre pena hoje no presídio de segurança máxima Antônio Amaro Alves, em Rio Branco no Acre. Foi condenado por esse e outros crimes pela justiça acreana a 106 anos de cadeia. Hildebrando, também responde na Justiça do Piauí, a uma denúncia do Ministério Público Estadual daquele estado, de ter degolado com uma faca José Hugo Alves Júnior, o Mordido, assassino de seu irmão Itamar Pascoal no dia 30 de junho de 1996. 

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

OUTRO SONHO LINDO

SONHEI COM MEU NEGÃO LINDO,FELIZ, CONTENTE,  ESTAVAMOS NOS DIVERTINDO NUMA ILHA.
SEI QUE UM DIA IREMOS NOS ENCONTRAR MEU PAI MAS ENQUANTO ISSO,CONTINUO FAZENDO A MISSÃO QUE DEUS ME ENCARREGOU E QUE DESCOBRIR NAQUELE DIA EM QUE VOCÊ SE FOI,QUE É CUIDAR DE MINHA MÃE,ESTOU AQUI FAZENDO COM QUE ELA PELO MENOS VIVA PORQUE SEI QUE POR ELA,JA TINHA IDO AO SEU ENCONTRO E DE UILDER.
TE AMO E FICA EM PAZ VOCÊ E MEU MANO.

A ESPERANÇA RESSURGE!!!!!!!



MEUS AMIGOS FIQUEI MUITO FELIZ ONTEM,EM SABER QUE ALGUMAS PESSOAS AINDA SE INTERESSAM PELA MINHA HISTORIA DE VIDA QUE PODERIA SER COMO UM CONTO DE FADA EM QUE TODA MOCINHA SONHA MAS INFELIZMENTE FOI UM PESADELO EM QUE DURA ATÉ HOJE.
COMO JA HAVIA FALADO TIVE MEU PAI E MEU IRMÃO ASSASSINADOS, POR MEDO NÃO FALAVAMOS SOBRE ESTE ASSUNTO,QUANDO ERAMOS INDAGADOS SOBRE MEU PAI,DIZIAMOS QIE TINHA SOFRIDO UM ACIDENTE DE CARRO JUNTAMENTE COM MEU IRMÃO E HAVIAM FALECIDOS.MAS TUDO ISSO ERA POR PANICO,MEDO MESMO DE MORRER,NÓS ACHAVAMOS QUE IRIAM ENCONTRAR AGENTE E FAZER ALGUMA COISA CONOSCO.E SO AGORA TOMEI CORAGEM NÃO SO DE FALAR PRAS PESSOAS PROXIMAS MAS TAMBEM PRA TODO O BRASIL,DESABAFAR MESMO,CONTAR TUDO O QUE PASSAMOS,O QUE SENTIMOS DEPOIS DE TODO AQUELE INFERNO VIVIDO POR NÓS NO ANO DE 1996.
E ONTEM FUÇANDO A INTERNET DESCOBRIR QUE JORNALISTAS ESTAVAM DIVULGANDO MEU BLOG,QUE FELICIDADE POR QUE SEI QUE NÃO PODEMOS MUDAR O DESTINO MAS PODEMOS APRENDER COM AS DIFICULDADES E TRANSFORMAR TODA DOR EM COISAS UTEIS NÃO SO PRA MIM MAS PRA OUTRAS PESSOAS QUE PASSAM POR SITUAÇÕES PARECIDAS.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

MEU AMIGO O JORNALISTA ALTINO MACHADO TAMBEM DIVULGOU EM SEU TWINTTER

O pai e o irmão foram assassinados por Hildebrando Pascoal. Vida em Fuga é o blog de Emanuele Firmino http://bit.ly/fRO4Dl

FIQUEI FELIZ MEUS AMIGOS,MEU BLOG ESTA SENDO DIVULGADO ATÉ EM JORNAIS E NA INTERNET.

Filha de vitima do Esquadrão da Morte no Acre cria blog e diz que família foi enganada

Qui, 27 de Janeiro de 2011 07:25
“Vida em Fuga”, é o titulo do blog de Emanuela Firmino, filha de Agilson Firmino dos Santos, o Baiano e irmã de Wilder Oliveira Firmino, de apenas 13 anos, ambos assassinados em julho de 1996, pelo temido Esquadrão da Morte no Acre, tendo como principal mentor o ex-deputado e coronel aposentado da PM do Acre, Hildebrando Pascoal.
Em seu blog, criado em Janeiro desse ano, ela quebra o silêncio e faz um desabafo dizendo que a família passa por privacidades desde a morte do pai, assassinado a golpes de motossera e se diz enganada pelo poder público. Confira no blog de Emanuela: http://vidaemfuga.blogspot.com/
Salomão Matos - Da redação de ac24horassalomao.matos@gmail.com

POEMA PARA AQUELES QUE JA SE FORAM.

Saudade

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

MENSAGEM AO MEU MELHOR AMIGO,PRA VOCÊ MEU PAINHO!!!

FOTOS DE UMA FAMILIA QUE FOI DESTRUIDA.

O GRANDE DIA DO CASAMENTO MAS NÃO SABIAM QUE SERIAM SEPARADOS 16 ANOS DEPOIS.E ELA COITADA ALEM DE PERDER O MARIDO,PERDEU UM FILHO TAMBEM.

 MEU GRANDE AMOR NA PRAIA,OLHO ESTA FOTO E VEJO LINDO COM AS PERNAS QUE FORAM CERRADAS.
ANIVERSARIO DE UILDER,UM MOMENTO FELIZ EM FAMILIA.
ESTE QUE ESTA SENTADO COM SEU VIOLÃO É UILDER ASSASSINADO AOS 13 ANOS DE FORMA BRUTAL.

SEGUNDA PARTE DA REPORTAGEM

REPORTAGEM COM HILDEBRANDO PASCOAL CONDENADO PELO ASSASSINATO DE MEU PAI

UM SONHO LINDO

MEUS AMIGOS HOJE TIVE UM SONHO LINDO,SONHEI COM O GRANDE AMOR DA MINHA VIDA,UM AMOR QUE INFELIZMENTE FOI ARRANCADO DA MINHA VIDA.
MEU PAI FARIA ANIVERSARIO ONTEM,COMO GOSTARIA QUE ESTIVESSE AINDA AQUI COMIGO PARA PODERMOS COMEMORAR COM MUITA ALEGRIA QUE ERA SEU CARTÃO POSTAL.ELE SEMPRE FALAVA QUE QUANDO MORRESSE NÃO QUERIA CHORO E SIM UMA FESTA MAS NEM MESMO UM ENTERRO TEVE DIREITO.
MEU PAI QUERO DIZER-TE QUE AONDE QUER QUE ESTEJA LEVAREI VOCÊ NO MEU CORAÇÃO,QUE VOCÊ FOI E SEMPRE SERA O GRANDE AMOR DA MINHA VIDA,QUE DEPOIS QUE VOCÊ SE FOI A MINHA VIDA SE TORNOU ESCURA,SEI QUE TENHO QUE SEGUIR MAS COMO SEGUIR SEM VOCÊ AQUI,COMO SER FELIZ SEM TER VOCÊ AO MEU LADO PRA ME APOIAR,PRA ME INCENTIVAR.
AS VEZES PENSO EM DESITIR MAS AI ME RECORDO DAQUELA NOSSA ULTIMA CONVERSA EM QUE VOCÊ ME DISSE ASSIM:-LUTE SEMPRE POR TUDO,SEJA SEMPRE ESTA GUERREIRA.E DEPOIS FOI AO MEU QUARTO ME ENROLOU OS PÉS,POIS FAZIA MUITO FRIO E ME INDAGOU DIZENDO VIU COMO É BOM TER UM PAI?E ESTA FOI A ULTIMA VEZ QUE O VI.REALMENTE É MUITO BOM TER UM PAI MAS FOI MELHOR AINDA TER SIDO SUA FILHA,TER VIVIDO COM VOCÊ POR 15 ANOS,POIS COM VOCÊ APRENDI O SENTIDO DA VIDA,COM  VOCÊ APRENDI QUE A VIDA FOI FEITA PRA SER VIVIDA INTENSAMENTE POR QUE VOCÊ FOI UM GUERREIRO QUE MESMO SEM SABER LER E ESCREVER,FOI UM VENCEDOR DESDE CRIANÇA SUPEROU AS BARREIRAS QUE A VIDA COLOCAVA EM SEU CAMINHO E CONSEGUIU TUDO QUE SONHOU.UM HOMEM QUE NÃO TEVE ESTUDOS MAS PROPORCIONOU AS MELHORES ESCOLAS PRA MIM E MEUS IRMÃOS,SINTO MUITO ORGULHO EM DIZER QUE VOCÊ FOI MEU PAI.MEU PAI SINTO TANTA A SUA FALTA QUE PARECE QUE FOI ONTEM TODA AQUELE TERROR QUE VIVEMOS,AINDA LEMBRO COM MUITA PERFEIÇÃO SEU ROSTO NAQUELA TELEVISÃO,MORTO COM FUROS NA CABEÇA E SEM SEU AMIGO INSEPARAVEL QUE ERA SEU OCULOS,ME DOEU TANTO E AINDA DOI,É UMA DOR TÃO GRANDE QUE NÃO DESEJARIA A MEU PIOR INIMIGO.MEU PAI POR QUE LOGO VOCÊ?POR QUE LOGO UILDER?POR QUE NÃO EU?DARIA MINHA VIDA PRA TER VOCÊ E UILDER AQUI.DARIA MINHA VIDA PRA VÊ AQUELE LINDO SORRISO QUE MÃE TINHA E QUE DESAPARECEU TÃO LOGO TUDO ISSO ACONTECEU.
MAS HOJE ESTOU AQUI NÃO PRA CHORAR E SIM PRA DIZER FELIZ ANIVERSARIO E ESSE DEVE SER ESPECIAL POIS ESTA COMEMORANDO JUNTAMENTE COM SEU FILHO E COM DEUS.GOSTARIA DE PODER TE DAR UM ABRAÇO BEM FORTE E DESEJAR MUITOS ANOS DE VIDA,É MAS INFELIZMENTE NÃO POSSO,PORQUE BANDIDOS CEIFARAM SUA VIDA.
MAS TE PRESENTIAREI COM UMA MUSICA:
Por onde quer que eu vá, vou te levar pra sempre
A culpa não foi sua
Os caminhos não são tão simples, mas eu vou seguir
Viajo em pensamento
Numa estrada de ilusões
Que eu procuro dentro do meu coração
[Refrão]
Toda vez que fecho os olhos é pra te encontrar
A distância entre nós não pode separar
O que eu sinto por você, não vai passar
Um minuto é muito pouco pra poder falar
A distância entre nós não pode separar
E no final, eu sei que vai voltar
[Negra Li]
Por onde quer que eu vá, vou te levar pra sempre
A vida continua
Os caminhos não são tão simples, temos que seguir
Viajo em pensamentos
Numa estrada de ilusões
Que eu procuro dentro do meu coração
[Refrão]
Toda vez que fecho os olhos é pra te encontrar
A distância entre nós não pode separar
O que eu sinto por você, não vai passar
(Eu sei não vai passar)
Um minuto é muito pouco pra poder falar
A distância entre nós não pode separar
E no final, eu sei...
Que no meu coração
Aonde quer que eu vá
Sempre levarei
O teu sorriso em meu olhar
(Em meu olhar)
[Refrão]
Toda vez que fecho os olhos é pra te encontrar
A distância entre nós não pode separar
O que eu sinto por você, não vai passar
Um minuto é muito pouco pra poder falar
A distância entre nós não pode separar
E no final, eu sei que vai voltar
FELIZ ANIVERSARIO MEU PAI.